sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

E eu,vagarosamente,fui me refazendo.E astutamente,silenciei o sorriso. Chegar em casa é sonhar com mais intensidade o que foi vivido (às escuras da (lucidez). Se entregar à poltrona do ônibus,sem querer nada além. E nem é mais preciso profetizar:viver um dia de cada vez. Sentir a sensação,aprender a possuir,desnecessário calcular. E o que virá,não me pergunto,não sou mais uma interessada na morte. Paciência,e fogo.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

E as vezes só o que eu queria é ter alguém com quem conversar sobre essências,aquelas opiniões que mudam no instante em que são ditas,aqueles risos prazerosos e tristes. Momentos imaginários,palavras inexploradas,feições sinceras,gestos sensíveis,uma precisão pra lá de poética,sem deixar a matemática massacrar o nosso..
Comi da tua doçura. Tempero bom pra sonhar (:

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Então não me leia. Me esqueça e não me perdoe. Não perdoando tornaremos tudo real. Nem bem,nem mal. Quem saberá,afinal? o passado ajuda,o futuro virá,com certeza,e talvez sem mágoas de outras palavras que foram esquecidas. Vamos renovar essa coisa de esperança,fingir que um ano que recomeça é uma vida novinha em folha. E mesmo assim,e sempre,é que estamos sujeitos a errar do mesmo jeito. E qual a hipocrisia que nos salvará? não quero mais salvação. O erro é comédia,e não tragédia. (:

domingo, 25 de dezembro de 2011

Conhecer para crer. Não...quantas situações já eram armazenadas antes de acontecerem? surpresas previsíveis...será que só pensando atrai mesmo? Enquanto se observa,o filme todo passa sem interrupções,não há intervalo para propagandas.O olhar é linear,e o que se diz deixa uma marca no ar.
Ame em silêncio. Não há outro amor senão esse.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Fútil sobrevivência dos ideais. Almas ideais. Poemas perfeitos que não existem. Cérebros saudáveis que não sentem. Bocas ardentes que não gozam de verdade. Olhares lúcidos que não enxergam a escuridão. Pontos de partida que não cessam,fins que não chegam,e meios que mesclam amores superficiais e paixões auto-destrutivas. Só consigo me satisfazer querendo o impossível; e o impossível pra mim é uma carta escondida na manga no destino. Eu faço silêncio: ninguém me vê. Assim enxergo todo mundo se escondendo enquanto querem ardentemente uma exposição que lhe dê crédito de ser humano competente. Engraçado,como o o próprio ato de sorrir pode ser deprimente,porque enquanto sorrio por dentro choro,e vice-versa,e não é de tristeza e de alegria que falo,é da lágrima e do sorriso em si. Vai entender! Aliás,vem me entender,vem me provocar vem,dizer que surtei,me assustar dizendo que vai embora pra nunca mais voltar só pra ver se eu vou atrás de você,provando que sou uma humana qualquer que carece também dos outros. E nem vem me perguntar se eu acredito no amor,você sabe que eu acredito que duas pessoas aprendem tanto juntas,mas que sozinha,uma pessoa mergulha sem precedentes numa inconsciência negada por conveniência. Sim,preciso resgatar vez em quando esses ''nãos'' jogados na sarjeta,eles abrem tantas portas enferrujadas...revelam o motivo das feridas abertas que não cicatrizam. Preciso dar um tempo de toda essa ingenuidade,de toda essa esperteza,de todas essas inteligências malditas. Quero a loucura mansa,a suavidade de quem acabou de nascer,quero uma paixão fulminante,sutil,recíproca,em que o olhar seja uma flecha que perfure o coração e germine flores pra gente dormir macio e os sonhos não precisem rodopiar pra disfarçar a falta de sentido. Não quero que você tente apaziguar sua falta de escrúpulos,quero você sem limites,até porque de qualquer maneira criamos conceitos pra tudo,sem o menor ''respeito'',exceto para com nosso egoísmo.Inclusive,adoro seu egoísmo,o jeito como você se idolatra,e ao mesmo tempo se derruba,se perde,porque sabe que a vida não é só isso. Não é só a vaidade do indivíduo,mas principalmente sua paciência e generosidade. Por isso amar-te não é um sofrimento,é um sorriso sonso,calado,de quem quer falar muito,mas não fala com receio de afetar profundamente o vazio alheio,de transformar na verdade o vazio em algo real,passível de sofrimento. Não desvie os olhos! eu sei que não existe vazio! e que ele é uma metáfora infame pra definir uma mistura diluída! o vazio de que falo é lotado daquelas coisas que você sabe dentro. E eu te asseguro que o teu vazio faz parte do meu. Assim,um dia,quando descobrirmos o sentido da superficialidade,possamos adotar uma postura mais sóbria,e cara a cara,finalmente utilizarmos palavras ao invés de silêncios.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Aquela pitada de romantismo que a gente necessita. Olhar profundamente por um segundo nos olhos,e desviar rapidamente,antes que a outra pessoa tome consciência que está sendo invadida.Sim,eu gostaria muitoque você me emprestasse de surpresa aquele livro no qual você tanto falava. Mas não me entenda mal,nenhum livro substituiria aquela dose de realidade,que é a gente conversar à meia-luz.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Através da janela do nosso meio de transporte a gente vê tanta coisa.Claro,que esse ''tanta coisa'' não diz respeito à quantidade de coisas vistas,mas à qualidade das coisas absurdas.Por exemplo: são como curtas-metragens:cenas curtas com significados abrangentes com trilha sonora nos nossos fones de ouvido. E essas cenas isoladas,que parecem vir ao léo,fazem sentido de alguma forma. Sou inspirada matinalmente pelos personagens desse script barato.Todos aqueles que entram no coletivo,com seus livros,seus óculos,a maneira peculiar de sufocar o calor e a náusea. Aqueles que sentam ao nosso lado,com sua maneira discreta de nos avaliarem,e seus telefonemas demorados e incômodos,a maneira como ambos,enfim,lidamos com o fato de sermos obrigados a dividir o mesmo assento,mas não o mesmo espaço.E como nós,expectadores entediados,buscamos fora da janela a salvação. Seja em acidentes no meio da estrada,ou alguém bonito no caminho,ou uma senhora passeando com seu cachorro,duas adolescentes rindo deus sabe de quê,um casal se beijando sem se importar com os olhares alheios,um homem olhando pra bunda de uma mulher,uma mulher olhando pra o pênis de um homem,papéis caindo de algum livro,uma neblina repentina em pleno sol à pino,alguém conhecido andando na rua com um olhar distante,restaurantes que você sempre planeja ir,outdors eróticos,garis fatigados do cheiro de lixo,o elemento surpresa incessantemente esperado,algo que mude completamente nosso dia,o sono irresistível,o medo de babar enquanto dorme,de perder a parada,de ser roubado...tantas sensações antes de chegar no trabalho,que já chegamos cansados e aflitos.Outros dias não,tantos fatos apaziguam o dia,o excesso nos deixa relaxados,o elemento surpresa chega...engraçado que sempre carrego comigo algum livro,mas não nunca consigo passar da terceira página,porque não consigo perder esses fatos casuais,pois apesar de serem sempre os mesmos,diferindo no olhar e na pessoa,já transforma tudo,e isso já é um ensinamento.A única coisa que eu queria era um cafezinho e um pouco mais de conforto para assistir a essa matinê lotada.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

ela afastou de si toda a ruína que provocava sua alegria.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Quando a noite esfria,e os pássaros se esquentam quietos em suas asas,adormecendo na escuridão onde só se vê o nuance,que durante a luz se escancara,fazendo do medo a sonolência necessária para a sobrevivência,eu entorpeço diante desse silêncio onde vêm compactados todos os sons que silenciaram quando sentiram o amor dentro de si,cuja brisa me acaricia,enquanto me acomodo em mim mesma,revivendo em outras facetas os fatos do dia,as possibilidades de um futuro pra me aquecer,gostar de imaginar quem poderia me entender,sem que eu precisasse explicar meticulosamente o que não sei explicar...rs..sabe,me faltam palavras cegas,gestos e sensações que eu posso te dar numa bandeja fazendo todo o sentido,preciso viver cada vez mais..e no entanto só me sinto realmente quando estou em plena solidão inerte no que meus olhos vislumbram,meus olhos velhos e lúdicos...meu coração é tão explosivo! Nas taquicardias que chegam como ondas batendo furiosamente nas pedras,eu desfaleço alguns instantes,esperando o que não sei esperar,e principalmente recebendo algo além do que eu podia prever e querer,esse excesso me torna desumana,ou humana demais,difícil dizer,não tenho nenhum parâmetro pra comparar.E me leva ou traz um aprendizado que pensou por si mesmo,através de mim,apesar de mim.Um pássaro acorda,uma pessoa caminha e olha o infinito e têm de embarcar,as asas daquele corpo que dança e voa diante da esperança vivída e do ceticismo corajoso daquele corpo...e parece brincar com seus dilemas e suas dores...tornando tudo tão claro sem nenhuma lâmpada acesa..

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

"A vida é agora, aprende. Ainda outra vez tocarão teus seios, lamberão teus pêlos, provarão teus gostos. E outra mais, outra vez ainda. Até esqueceres faces, nomes, cheiros. Serão tantos. O pó se acumula todos os dias sobre as emoções"


Caio Fernando!

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Dentro do quarto,ao lado dos nossos pertences estagnados,dos pensamentos que ficam flutuando depois de pensados,dos desenhos imaginados sem haver como traçá-los,pois o lápis é um diamante arranhando o quadro,suas intenções estão visíveis e nuas.A atmosfera é epifânica,seus dedos estão trêmulos de vontade de postar algo,sentir algo que só o pensamento afogando-se profundamente não te fará sentir,é preciso a dosagem de realidade,de julgamento,derramar-se nos outros,como eles se perdem em você.Seu destino não é encontrar-se,visivelmente,apostando em um objetivo que deixará claro por onde se deve ir...não há como seguir sua intuição o tempo todo...embora por vezes seja a única alternativa. Eu digo isso pra ninguém ler. No fundo quero que todos vão embora, exclamando,e se houve encanto,não terei eu,percebido? não me amoleça com suas meias-verdades...

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Sim,eu tenho uma nova face. E um novo corpo foi moldado. Os pensamentos também não seguem a mesma linha de raciocínio. Tente me entender; tentei me encontrar em você,nos seus poemas cantados,no seu sexo libertino,no seu olhar confuso e decidido,nos seus braços abstratos,na sua boca tão espiritual...e simplesmente não consegui nos entender,será que optar por amar-te apenas.. corrompeu todo o nosso plano de ser feliz? devíamos ter manipulado verdades,expor sentimentos sobre outras pessoas também parece correto,sobre desejos,sobre sonhos,sobre poesias guardadas,racionalizar nossa relação,nossos medos,nossas coragens..ter derramado as lágrimas que queriam ser livres,e ter gargalhado pra todo aquele orgulho estúpido de querer ser amado. É uma pena que tudo fique tão borrado quando se ama,nos preocupamos mais em agradar do que descobrir o que nos agrada,sufocando desejos que um dia sucumbirão até a superfície nos fazendo acreditar que mentimos todo o tempo..não é bem assim,a sensação que é sentida é real,só precisa ser decodificada,e isso é o tempo quem faz,enquanto nosso entendimento mastiga tudo..até que cada pedacinho fique claro e possamos compreender. Não é o tempo quem descobre,é você. Perdoe-me,não sei de quê.

domingo, 17 de julho de 2011






Precisa dizer algo mais?
















De alguém.








(De alguém ou ninguém)
Hmm...eu precisava vê-lo. Chovia suave,e minha sensação era macia...fui ansiosa até o portão do condomínio,com o guarda-chuva pendurado,esperando na verdade que ele mudasse de idéia e não viesse,não me fizesse sentir mais feliz do que meus olhos pareciam estar,tinha medo que ele visse meus olhos e finalmente descobrisse que estávamos errados o tempo todo,visse que o amor existia,e que estávamos sujeitos a ele,talvez pra sempre,mesmo depois do fim. E tentava resolver tudo isto antes que ele chegasse,pra que meu semblante transparecesse a confiança e a doçura de uma amante controlada. Mas não conseguia...de repente o odiava sem ódio, por amá-lo demais,e tinha que me amar mais do que ele, antes que viesse me beijar..pois o que antes parecia ser apenas desejo,de repente se tornara crucial..e não havia maneira de dizer-lhe.Eu te amo não servia. Como eu poderia beijá-lo da mesma maneira intensa?agora eu só queria beijá-lo lentamente..sem usar a língua,pra que as nossas bocas conversassem sem fazer sexo. Repentinamente, o que a gente espera chega. As vezes a gente esquece que pede o tempo todo,como em uma oração ininterrupta,só que não é pra deus,é a si mesmo. A gente pede pra suportar a dor de um adeus.E esquece de pedir a si mesmo pra não amar tanto o que nos faz bem...Mas lá vinha ele..sem guarda-chuva..molhando o jeans,o tênis sem meia,os lábios...por minha causa iria pegar um resfriado...a chuva não me deixava ver nitidamente seus olhos...ainda bem...assim meus lábios não puderam ler nada....e confusa mesmo,o que me tornou até mais amável... deixei ele entrar no meu guarda-chuva..
O que quero expressar não rima. Não consigo interferir ao ponto de racionalizar dois sentimentos coerentes. Perdi. Meu xadrez está empoeirado,meus vinis estão esquecidos,meu espelho sujo,minha janela fechada,minhas pinturas ressecadas,meus filmes me dão náusea,os poucos cds arranhados,o passado borrado,as roupas sucumbiram,o jeans desbotado,os manuscritos perdidos,o amor guardado,os sorrisos não são cem por cento felizes,as bocas não são tão desejáveis,os corpos não são tão maduros,os livros não são tão confiáveis,as letras das músicas são falsas...a arte projeta desengano,os barcos navegam pro naufrágio,os ideais estão se afogando,o medo é apenas preguiça de usarmos a razão,o sexo é carnal e não espiritual,a fotografia não congela o tempo,a poesia não descreve o que sentimos e sim o que pensamos,a vida não é uma dádiva e sim um purgatório,você não é um ser humano e sim um abismo,as cores são ilusões do nosso romantismo,as asas não voam,são indícios de uma doença que adquirimos ao nascer. Bom,o nascimento....o nascimento me apavora mais do que a morte. Sentimos a dor do parto,e ficamos traumatizados pra sempre. Pra o nascimento não existe rima equivalente.
Acabo de descobrir: não necessito da saudade. Nem do ciúme. Não acredito no amor. Só no ego compartilhado sem egoísmo. Acho que gosto do corpo,da pele,do cheiro. A alma não vejo. Nem a morte mostra a alma. 21 gramas? não creio que a alma pese. A aura pesa. Uma atmosfera fantástica ao redor de si mesmo; escuto melodias em que não sou humana,viro uma nuvem,cuja única certeza é que irei chover um dia..cair lenta e doce..sem pernas,sem olhos,sem braços,sem boca,sem palavras e portanto sem pensamentos...................................................
É público. Mas não te mostro. Eu conservo a pureza não sei como. Não é medo. É desprezo,e a inocência é uma marca estampada nos olhos. Eu tento vedar minha mente,e fazer meu os teus segredos,você some,eu desapareço,mas é só por enquanto...estamos cansados de agir com a razão. Foi necessária a inconsciência absoluta pra chegar aonde chegamos. Me diga você: quem não somos? não,não era isso o que eu queria dizer. Eu tenho que cair toda vez? como se levantar realmente me colocasse de pé. Não desisti de nós,acredite eu peço perdão a mim mesma pra não pedir a você. Embora a coragem maior seja a de não haver o que perdoar. Me promete ser corajoso?
Tudo inútil Nada útil. Estou furiosa com a mosca que me escapa! que faz sangrar minha paciência com sua impaciência em se manter perto de mim. Detesto-a. Sinto seu desejo,previsível querendo tocar minha boca. Que nojo de ser humana; e ter que ter nojo do nojo. E ter que acreditar na cura; e ter que amar o amor impossível; que cansaço da repetição,das novidades escrachadas,do grito meticuloso e do deus sigiloso. Até as palavras são completamente malignas. E querem me afunilar,forçando-me a utilizar a palavra ''alma'' que é a palavra que em silêncio põe em movimento as outras palavras. Essa abstração não tem remédio; é que ela não existe. É só a lucidez máxima,a loucura mínima à que se pode chegar. É o fracasso de acreditar. É viver um sonho,sem que as coisas possam ser libertas e flutuarem. Sem que o nosso desejo de voar nunca se realize. Não,a realidade é presa a si mesma. É um acontecimento brutal,sutil,paralelo,eufórico,terminal e cotidiano desse modo doente. Ficarei em choque pelo resto da vida. O nome dela é eu...mas costumo lembrar de Clarice.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Você que me lê,sabendo ou não me ler,ouvindo ou não as entrelinhas que não escrevi,faça disto apenas o início. Como sempre ,quem lê,escreve o fim.

sábado, 9 de julho de 2011

A idéia tem vontade própria. Pouco posso fazer por ela,senão me doar cega e enxergando,muda e amando.Nem sei que origem,qual,porquê. Ela vem dançando..mesclando sorrisos com olhares,sem seduzir à princípio, mas extremamente doce,gozando os deletérios da sua forma,escondendo sua verdadeira intenção,embora revelando a verdade. A verdade sobre si mesma,claro. No escuro do quarto,a penumbra preenche o vazio; esse vácuo,buraco negro,estrela. Ou que nome for dado à essa sensação ininterrupta de ser humano. Ou que palavra seja inventada para nos revelar quem somos,diante de nós mesmos. Buscar essa identidade individual é tão importante quanto se inserir num objetivo coletivo sem nexo,pra que os animais se respeitem dentro da jaula.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Ontem fez chuva: caíram gotículas de rumores secretos.

A superfície do planeta se petrificou,

ainda estamos a mercê do universo?

Porque as vezes só parece...

cada orvalho é uma letra da profecia que nos congela;

a letra da canção que a chuva deixou pra trás...

O ruído das águas adocicando a tristeza corrosiva

de se ter esperança

quando devíamos ser manifestantes

do agora.

Numa noite clara como essa em que as luzes são apagadas e ainda conseguimos nos ver no incêndio da luz da lua a música é a plenitude um dos modos de acha-la. A noite... obscurecendo na sua palidez fria escorregando seu manto pelo corpo da cidade na chuva que não veio para gritar-se para sempre o dia que preparou nossa esperança didática e irracional a sombra soletrando o desenho perdido do que foi dito Ao redor de nós ainda senta aquela senhora cativante e envolvente que é a poesia Não adianta se iludir com a nossa pobreza pois somos ricos capazes de tudo e devemos sorrir no serviço de viver. Apostamos na dificuldade de não termos o que dar mas ao que parece o dia-a-dia é a nossa intenção e o nosso remédio e a nossa dádiva apenas isto:e não é dado de graça,bem sabemos que pagamos o espaço em que sobrevivemos,e que sobreviver por isso mesmo é uma garantia (?). Ah...quanta tolice e beleza é preciso enfrentar nesta terra de sementes duras querendo germinar O quanto são primordiais os pequenos atos de sinceras falas na grandiosidade de sentimentos unidos para que o nosso espanto de sentir seja atingido... dependo do que se tornou real por trás do que foi mostrado ,meu esqueleto sustenta esta história a alma que é confundida é a paz conquistada?

Me canso de palavras repetidas

em todos os lugares

amor,amor,amor..

não acredite em minhas palavras

quando quiser verdades pra seguir em frente,

são sonhos de nada!

Meus olhos são tudo que tenho,

eles revelarão o que não se deve esconder

o que você quer ouvir? Me cala

está pairando entre nós

olhos gigantes anulando pálpebras

pupilas dilatadas no escuro

ou meus sonhos de nada...

Estou sentindo uma alegria com todos os sintomas de uma dor que desabrochou. A minha alma toda sabe tão bem que quero chorar qualquer lágrima,pra que essa dor sugue de mim toda dor que sugou toda cor. É que a minha alegria só com muito esforço pode-se chamar alegria. Eu dei o meu melhor,fiz de cabeça,pra no final das contas ver que no meu olhar tão simples,na minha singela cor,sempre esteve presente o limite de uma consciência.

~;Meu bem;~,


o dia está com cheiro de pedra molhada e resolvi te mandar ''isto''. Pois não é cheiro de chuva o que sinto é concreto úmido. Aconteceu enquanto eu nadava no mar até chegar à sua casa. Eu nadei com os olhos e acreditei neles. Mas quanto mais eu descia em direção ao fundo do mar,mais fui me afastando do cheiro real para sentir cheiro de chuva. Enquanto se dava esse processo eu voltava à realidade da janela do ônibus,um pouco assustada,pois eu poderia ter sido dada por morta pelos segundos (em que o mar não me deixou naufragar). Foi tão bom que não me esqueci,e posso reviver o cheiro e o mar. Os solavancos do ônibus contribuíam para o meu ápice de encantamento,de modo que a constante interrupção da realidade me fazia crer,de maneira inesperada,em tudo que eu estava vivendo. O percurso então foi como uma epifania,uma desilusão (graças ao contato com essa nitidez da imagem dos odores) que eu cheguei a achar que o mundo era o oposto da poesia e da razão. Não é não. O mundo é apenas o oposto do que acreditamos quando queremos ele pra gente. Só a libertação da idéia de liberdade me faria morrer de verdade: um pássaro que depois de pousado não bate mais as asas. De resto,por tudo,pedi parada e quis sorrir pra você como se chovesse nas pedras do seu quintal.


Beijo dado,

Luana.

Lembro que um dia eu visitei o maior mar que eu jamais vi. Foi um encontro às escuras. E o arrepio era como uma lâmina desobstruindo os poros que insistiam infantis num desmaio,pra respirar melhor(pra eu ver o sonho do mar). Era um novo mar num velho chão. E suas águas,de diferentes tons, verdes de espera,pareciam ansiar olhares humanos que transformassem seus maremotos em pequenas ondas de bem-estar. Pois que os pássaros que lhe roubavam se despediam com um sorriso machucado,coisa de quem sorri sem ter boca,deixando a surpresa delicada de uma pena cair pra acompanhar suas ondas sensuais. (Ainda e ainda e ainda) E assim seguiam suas gotas todas juntas num beijo...sensação de limiar de lábios com a carne de sua paixão. O mar era pura paixão. Puro encontro sem nostalgia de suas correntezas,pura decência em sua fluidez de bicho. Ninguém sabe aonde acaba o mar,só se sente a sua homogênea busca, foi assim que eu o vi pela primeira vez. Paralisada,sem transbordar nada(também serviu pra eu me explodir um pouco). Pelo contrário,a exatidão de meus limites era enorme,diante daquela materialização sublime que vai diminuindo sua profundidade até a margem até só restar a consciência. Se fosse pra eu me perder eu veria um mar branco.. Não,eu não queria tocar nessas ondas de ondas,nesse mar escondendo sua fertilidade sob ornamentos. Se fosse pra eu esquecer..Por não saber sonhar e estou emprestando,ofuscada,a minha dádiva,como quem toca sem saber que não tocou. Apenas a vaga lembrança...foi suficiente para revive-lo,com seus animais submarinos usufruindo medos e dilatando as pupilas da coragem. Então sobrevoando esse mar -deixei meus limites lá pra que eu possa ir e voltar na mesma onda do acaso- só posso crer que me vejo no espelho desse mar caseiro,que pra sempre será amador e desertor de si mesmo,pra renascer nas horas vagas de sonolência mística.

Sua boca caiu flácida com seus poucos olhos a piscar vagarosamente...a paisagem corria a vários metros de si. E ela se aconchegava ainda mais na força de seu corpo,torturando-o ao diminui-lo ao tamanho de sua cegueira. A paisagem corria viril,musculosa,nauseada,precisavam de tudo que poderia ocorrer-se ao mesmo tempo. E ela perdida,em piscadelas inúteis,em movimentos que qualquer expectador diria fingidos,só porque ela pensava em gestos,em palavras vivas como objetos que se quebram estarrecidos pelo vôo tão curto e fatal. Antes de ela acordar haviam tramado tudo: verdades,construções,adultérios de identidade. O peso da coisa construída se ausentava suspenso por toda a extensão de sua pele com pêlos. E não se exclamava absolutamente nada! E não por acaso,acendia seu cigarro frágil e danoso à sua natureza selvagem,que a acalmava,em relaxamentos de espaços vazios. É que ela gostaria de temer um pouco,os perigos tão irreais à que estava predestinada,como não significar palavra nenhuma. O que lhe diziam era sempre tão óbvio,que ela via o pensamento correndo rápido no cérebro autenticando o corpo todo,como se ela esperasse a coisa dita como quem espera aquele trágico rubor na face diante do reflexo. Rubor que não vinha,não vinha... ou vinha pela consciência desproporcional... é como se quisessem domestica-la alterando seus sentidos diante de uma verdade mastigada,na qual se sente leve sabor,é verdade. Mas ela procurava o quê? Tudo que caberia à palavra nós ou à palavra só? Ou nós dentro do só ou só dentro do nós? Tudo,e simplesmente um regojizo. Assim ela não precisaria se esconder no último olhar trazido das profundezas de seus mares que transbordavam...só para que ela não morresse afogada nessa seca segurança de estar viva.

A poluição do tráfego da cidade se mistura a meus pensamentos. Como uma estátua, me sinto invisível,observando a mim mesma. De repente,é só eles que existem e eu estou completamente livre de minha busca,como eles não se livram. Não acordar de um estar sonhando,a própria realidade acontece sozinha,sem que eu precise,voluntariamente,acreditar em meus sonhos. E que palavra é essa? Que nunca remete a si mesma? E essas imagens,que sempre concebem perguntas ou respostas que se calarão como sentenças,um pé pisando o chão e um martelo alcançando a mesa,gritarão as cores que só existem na idéia. Se eu pudesse transformar em palavras todas as palavras de meus pensamentos meus papéis estariam repletos de dores e alegrias indefiníveis-rimas atentas. Pois transformar sentimentos em emoções é mais efêmero que a sensação de sentir. Aliás,deve ser isso que busco: prender pelo máximo tempo possível a sensação de sentir,até que ela me preencha toda e exploda no espaço na forma de uma palavra,já vazia. A energia gerada então fará voltar a respiração que será minha benção constrangedora de ser humano.

Eu caminhava enlouquecida de tanta calma,mas a verdade é que eu enlouquecia de verdade. As coisas estavam presentes,eu calculava suas posições,lembrava de seus enredos... a única coisa que me preocupava é que estar de fato louca merecia pouca atenção. Eu não esperava acreditar que a loucura é o avesso da lucidez; eu simplesmente perdera o controle do que esperava,e isso desencadeava eu estar em outra dimensão,anestesiada e alta,sensação que o mundo provoca e que instante após o outro,enquanto o momento não acaba,vai nos diminuindo até só restar a consciência. Então a minha consciência caminhava,perdida no tamanho dos tempos e dos espaços que se eram possíveis ocultar,ou que penetravam irremediavelmente no modo de se estar. Eu não queria mais esperar,por isso caminhava. Eu poderia dar o meu máximo pra conseguir alegria,pois é a única loucura aceitável,aquela que me traria de volta pra onde eu me preparo e penso distraidamente que é esperar em vão. Não,nenhuma espera(nça) é vã. Eu lembrava do enredo das coisas. E principalmente,não esquecia. Um ponto atrás do outro,um olho,um fato,qualquer poder de páginas,me alinhava tranqüila naquela lucidez esperada. Me dizendo enfim sobre a necessidade dessa loucura exata por enquanto.

De repente me escapei de pensar,para olhar para fora de mim.

O dia está com cheiro de terra misturada com pedras,graças a chuva,principalmente pedras molhadas. Cheiro transcendental,inconfundível concreto úmido. Sabor da realidade após a previsão. Dor do parto em plena cicatrização entre agulhas. Estou tão discreta mas as cores me atingem. Sorriremos histórias de traços dosados. Um mistério pra não querer respostas,daqueles que só a morte pode revelar com sua voz rouca e grave. Uma flor pequenina entre os dedos ou um mar salvando seus náufragos. Um pássaro pra pousar e uma asa pra ficar.

De repente, possuímos almas.

Pra ferocidade do desejo desabrochar um corpo.

Hoje eu queria sonhar algo bem de perto. Sonhar aquilo que nego..Esperar respostas respirando o ar dos humanos. Aquele confortável corpo que não me entrego,o pensamento é um corpo materializado.Hoje estou cheia de grandes ausências,perdi metade do mundo para ganhar metade de mim. Eu mesma esquecida que me pertenço,as vezes não lembro que de mim faço o que quero. Confesso...preferiria que os outros fizessem de mim. É que eu me faço,mas sinto um cansaço sem fim. É uma pena ser escritora. O que eu acho lindo mesmo é soprar aleatórias palavras e perder todo o poder. Nego até a morte que sou eu quem me faço. Pois aprendo a fazer disto uma engrenagem secreta funcionando. Aprendo a ser isto, que progressivamente,em olhos que não se esquematizam,funciona. Os dias passam de sequidão em sequidão,rápidos demais. Cheios de diplomas guardados,vejo necessidades transformadas em curiosas tentações. O problema é que não aprendi a me amar ligeiramente. Com isso não posso tentar lhe explicar uma promessa que se faz a si mesmo. Pois ser alguém não se promete a outra pessoa. E toda a minha vida é lidar diretamente com aquilo que não se toca,sentir o peso da manifestação das coisas nas próprias coisas. O que eu escrevo,as vezes, é um pensamento que se tornou secreto. Feito se simples histórias com seus personagens em agonia. O sonho que eu queria bem perto agora é ter uma vida sem tantos significados;ter nascido madura. Construindo já tão cedo um coração que eu alimento já com os sofrimentos essenciais. O que eu vejo é que posso criar fantásticas teorias com uma mente nua. Fábulas de idéias brotam de minha intenção,queria ser um quieto expectador dos sonhos meus enquanto durmo.

Há que exista um só sonho

Sonho seu,sonho meu,sonho do mundo

Há que se aviste esperança

Pela estrada íntima que será percorrida a sós

Há que o amor ainda leve

Conforto e ternura para cada mente que dói

Há que o vento ainda traga lento

O suave que se destruiu

Há que ainda se reste canções

Para acalmar insistentes sensações

Há que ainda reste um eu,próprio eu

Que se encontre e se perca em um nós.

A janela se abre no silêncio interminável dos espaços vazios da cidade,ao redor de minha cidade soam buzinas longínquas e no alto de minha maiúscula coragem os postes turvos de luz amarela inebriam as ruas,adormecendo os transeuntes.Quando estou só em casa,ele aparece,para isso preciso apenas ter despertado.O sino bate na praça pública,o ato de um monge que terá o nome homenageado serve também para as pontes que estão suspensas no ar e serão atravessadas para obter a coragem maior:admirar,se valer do que é mostrado,mesmo que aparentemente estático.Esta cidade serve para eu estar diluída,serve para outros também,que vagamente se cumprem na travessia. Na tentativa de tolerância a qualquer arrependimento .Cidade fria,quente,acostumada a incidentes que não a enlouqueceram.A cidade cada vez mais próxima,sendo na prática,a distancia física a que nos mantemos de nós mesmos; a vida se passa,ser o estar instruído,sobrevoamos as ruas com badalos dos sinos que já não escutamos,e sua melodia nos desperta e nos desinteressa.Portas são fechaduras,duram o tempo de serem esquecidos os segredos de se manter em seu interior.Assim se abrem,e o dorso do mistério já vem quebrado.O sangue escorrendo inundando os passos,penetrando as frestas do dedo,coagulam o chão inteiro e endurecemos na terra em que é preciso lavrar.Crescemos no campo de batalha que é preciso retornar,fazendo das armas imprescindível produto alimentício.São naturais esses eus sem-teto? essas mães de aluguel,esses homens que satirizam sobre a pátria em que nasci? pra não narrar meus apelos mudos que de tão desgastados viraram silêncios,e consentir com o que não está errado,ele bate a porta. A madeira toca na madeira,o lugar vira uma caixa minúscula demais pra me aconchegar,essas quatro paredes que me entristecem e me glorificam na tecelagem de sonhos.

escutar a poesia escrita

é o mesmo que escrever a poesia falada

hoje o grande vazio das águas

da poesia transformada

em ouvidos que congelaram as vozes

que morreram na praia

não é o mar

que outro dia

teve sua grande poesia

derramada nos pés

de quem quis bebê-la

Sobre taças

volto ao céu

nada lá tem cores (cura)

são as cores do próprio céu que não se revelam

de tão transparentes

volto à terra

não aprendendo que trajetória fiz

eu faço uma nova,

no aprendizado de estar viva

e essa renovação que sempre me renova

digo isso porque a muitos

uma renovação é uma coisa cíclica

mas eu não

sou linear

nesse mar que é linear também

me denigre por ser cíclico

somos os dois naturezas

mas ele é homem

e eu sou mulher

ele é onda

e eu sou carne

e quando não sou carne

sou a onda

que abandona a carne

ele é a carne onde cravo as unhas

a água onde bebo faminta

e assim nos misturando

eu sou onda eu sou onda eu sou onda...

até que o mar acabe.

Hoje é o futuro de uma criança. Minha história começará daqui a um punhado de anos,quando eu souber sua valia. É uma história de esperanças decompostas por sérias explicações. De fragmentos indesejáveis,contudo por desejo se fragmentariam mais ainda. Tudo é uma questão de intimidade consigo mesmo. Por isso te digo sem certeza alguma,a certeza que interpelo,a sentença final da moral do enredo,que negará qualquer poesia como forma de apelo e alusão à poesia verdadeira. É um amor que nasceu inteiro. E estremeceu o meu país. É,a verdade não foi dita em palavras que se auto-realizaram:sopro de vida nos olhos de minha história. Tive de reconquistá-la negando seu corpo e aprendendo a não me desesperar com a sua grandeza:acabou que ela não me quer mais. E assim posso contar tudo olhando pro espelho.

Não me encerro no lacre de portas fechadas,elas que caiam sozinhas,quando a madeira crepitar de tão seca e arranhar o chão como giz na sua queda funda. Não me vejo atrás desses laboriosos segredos para que uma casa seja construída,minha alma vive no refúgio dessa chuva lenta,lavando os germes e a poeira das plantas,escavando a terra com a sua água ''pura'' para tocar a sustentável raiz,que afinal nascerá. O murmúrio dessa pele surrada por gotas finíssimas que caem do pensamento,embalará meu sono de felicidade,quando o corpo estiver todo eriçado de frio e desesperança,fustigado e dilacerado como a casca de uma semente dura. O dia então terá a doçura da fruta exposta,de textura ardentemente desejada pelas mãos,a coisa mole da sua cor,da sua força, através de um sorriso,seduzindo a tristeza que implora tão sincera para ser seduzida,domesticada pela alegria possível,roubada pelo amor que não sucumbirá diante do amor. A tristeza quer ser confundida com a paz. Mas não há paz verdadeira nesse mundo. Pois a verdade é logo confundida com a dor. E a magia deles não se tocarem,é a magia dos filhos e das mulheres. Os homens que salvam,sim,nós nos salvamos.

Eu não sei falar de amor

como se amargasse em mim alguma fruta doce

agridoce,não,eu não sei amar assim

sabendo tudo que não posso

não,não saberia mais olhar pra mim

depois de saber que tudo que vejo

é por ter escolhido a inexatidão

eu cai com a palavra no chão

eu percorri e convidei sementes pra dançar

foi como mergulhar no meu próprio mar

e alcançar a terra que eu vi se molhar

e pintar o branco dos meus olhos ao olhar o céu, livre..

eu podia ser a estampa do teu vestido rodando...

o meu amor é só um convite para o mundo..

o meu amor é só...

Com a calma da minha alma inquieta,eu vi meu corpo cintilar. E a tarde,madrugada barulhenta de luz turva quando a noite vem chegar,já é tarde: as luzes se misturam como em um incêndio. Um dia de protesto,as letras ficam confundíveis demais para serem lidas,o percurso é perturbador,perigoso,honesto na força de sua ingenuidade . E os passos da alma sofrida já não sabem aonde ir. Vão para onde não se deve ou escolhem serem notados pela sua obrigação. A justiça esconde o quê? Tantos pesadelos sentidos e esquecidos. O protesto caminha em ritmo de enterro. Palavras saem inaudíveis. O processo é louco,surpreendente,cessará em breve. Logo,a rua voltará a ser o palco da rotina,do milagre,dos passos firmes em sua esperançosa pressa de subverter a opressão do seu trabalho em vingança alegre através da felicidade (escondida,roubada,onipresente.). Onde os seus deuses humanos deturparão as vontades e serão inocentados de tais crimes (que não se provam a olho nu). Com a calma da minha inquieta,eu sobrevivi. Não podemos ostentar o nosso flagra,palavras são palavras; a infiltração e a doçura prometida é que são divinas.

Esse riacho de vida,correndo,como a esperteza das borboletas que desaprenderam como pensar.

A minha surpresa é ser aparentemente alcançável. Com o corpo maduro de se proibir. A corrupção do pensar. Estou aprendendo. Nunca deixarei. O máximo que se chega é espalhar. De uma maneira ou de outra:ajuda-se. O crescimento,veja quantas mortes que colecionei pra te dar. A morte de todos. Não é suficiente para a pele que não e salva. Os olhos como duas almas juntas,dois pés que caminham ,estradas que não se podem engolir numa só passagem,o alimento que se torna lentamente em alimento sagrado. Não preenchem(subentendem) o vazio que nasce e germina. Que germina e nasce. A nulidade de quando se acorda é a que sobrevivo. O corpo vai negando a existência do sonho,quando as mínimas depurações nos protegem. Sou,encerro. Sou,preciso. Filantropia só me dá a vida dos outros. Mas quando os outros me dão suas vidas,ah,isso não tem nome. Não ter muita fome. A cobrança é o momento que se engole a si mesmo. Calma que com tantos ''eus'' eu erro. Na minha representação ou estado de sensação eu digo: ''o que não se esgota?''. Funciono ligeiramente caída no abismo das palavras,a humanidade aparentemente funciona. Quando minto descaradamente meu corpo infla de ser gente com privilégios. Quem me ensinou a andar não pode me ensinar a viver. Com os olhos cheios de lágrimas,o perfume vem de onde? O sempre,sempre perecerá a última vez?encheram de cores a nossa insensatez. Imagine um grande círculo,lotado de pensamentos dentro e a magia deles não se tocarem. Terra...também sobre a cama e sobre a mesa. Não me adiantam frutas suculentas cuja reação à morte é a própria morte. É o sumo...delas que me dá a fome e me tira o sono. Quanto mais me fito mais me admiro de Deus não ser uma criação nossa. E se fosse,como na infância,que a gente olha pro mundo e não sabe o quê é de quem. E imagina que foi tudo criado e roubado infantilmente. Nossa necessidade de adorar. Ao próximo se perpetuaria,porque,se eu procurar os porquês,eu vou achar os porquês?

Rápida morte que não foi vivida

Senão como um simples fiasco de felicidade

Perdoemos a vida,

que é muito mais viva do que a

simples morte

E depois de perdoada,

Deguste-a lentamente..

E se eu escrevesse coisas que ninguém pode sentir,seria enfim sentido meu toque através das palavras. O contato que se perde com o significado,reinventa a alma. E trás à tona o que se tentou desesperadamente ser dito,e que apenas pareceu indecifrável graças ao mistério do contexto. O ideal é que se feche os olhos enquanto se lê,o que impede a leitura,então os olhos não funcionam em comunhão com o raciocínio,com as sementinhas na superfície da íris,se tornando flores pequeninas...deturpando a análise da beleza do caos. Não estou disposta,a enterrar minhas flores,junto com as lembranças que não se realizaram. Sei que pareço sempre estar prestes a desistir de tudo. É que o mundo seria cruel demais se eu não sentisse que tenho essa liberdade. A de expressar o motivo pelo qual viver pode ser uma das maneiras de se salvar da vida. E eu nem preciso ludibriar deus,porque eu preciso de pelo menos alguém no universo que saiba o que eu realmente penso,e que não seria admitido por mim,a ninguém. E com isso,me ligo aos outros humanos,sabendo que todos sobrevivem assim..

Espero viajar esses dias,porque o calor está diabólico. E quando eu me sinto derreter nada sacia. Me sinto em um beco em penumbra,imprensado entre construções,áspera com os pingos caindo do alto sem me atingir,vendo os segundos desfilarem com tecidos transparentes e o concreto umedecido com manchas deformando suas formas regulares.. É como não ter posição,alegria ou distração. E as vozes com uma astúcia surda se materializam em ecos que se debatem até se dispersarem completamente,eu com aquela impressão de que sou habitada. Situada no espaço que inventei,e que a palavra:quem primeiro deu o sinal,fantasiou com suas fomes.É tão difícil relaxar com esse pesado torpor que o calor sustenta. Na verdade eu me sinto presa aonde estou no instante exato em que sinto,ou seja,é como querer ser e no entanto estar ao mesmo tempo. Mas esse suor não me queima nem me aniquila. Então é insuportável,porque eu tenho de sustenta-lo enquanto ele corrói minha paciência que é como corroer a força dos meus músculos,substituindo-os por elucubrações que não me enganam.. Mas eis que a brisa fina e aguda me atinge em cheio o peito,coração sei lá da alma,e eu desarmada no meio desse caos de fios oleosos com raiz seca,me sinto pressentida por um prazer imenso,um senso anestésico... salvando meus quase náufragos desejos de ascensão à superfície. Ufa...!

Apreensão serve pra aprender. A chama latente dos olhos ofuscando ilusões. Os neutros desejos de cair,usar um tom que não dê pra adivinhar. Que a gente passa a vida lendo. Pra se inspirar na perseverança. Os saltos que a gente não vê,não irá,pra depois levar. O que trouxeste dirá tanto por mim,pode deixar,que eu pra lá vou desvendar no nosso altar,quem dera saber voltar,pra depois cair.

A música soa longe...nem parece que são os ouvidos que ouvem. A magia tão simples que eu não preciso explicar com verdades clandestinas,eu sei que vem do coração da sua alma,que só me permite ver o que não me quebraria em mil pedaços incompatíveis. Seu sorriso tem a beleza de um mar,completamente solitário,em pleno crepúsculo.....sei que não preciso ser tão imprecisa ao seu respeito. Mas é que te desejo no escuro,e mesmo que não haja possibilidade de luzes. Até porque elas não te acendem,e te ofuscam,e me cegam. Queria poder te falar o que meu corpo sente nos mínimos detalhes,e que percorresse seu corpo também o meu desejo....e o encontro de nossos dedos formando mãos únicas,enquanto um único corpo grita.Mas ninguém escuta. É grito de silêncio,porque o amor é silencioso...

Sabes
bem aqui há um corpo pra sentir
não é só um corpo feito de saudades
de paisagens que se perderam no horizonte
que por si mesmo já se perdeu na curvatura do mundo

no giro desse mundo o corpo rola escada abaixo
a escada que as palavras criaram para que subamos novamente
até o topo de seu celestial significado
e ao chegar no alto desse topo de pedra
nos deparamos com a cidade
um campo aberto
cheio de novidades
um rio passando por debaixo do asfalto
um rio fétido,cheirando a descrença
um rio de necessidades que abandonamos no próprio rio
nossa cidade está infestada
de vontades sonoras,gritadas
vontades imersas de salvação
não é a si mesmo que se dedica uma vida
é ao que parece
nao é a si mesmo que se espera sentado
é a curiosidade
o adjetivo pertinente à descoberta
a palavra que buscamos eternamente
não para descobrir o que se abre,
descobrir o que pode ser tocado.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

O tempo que não estive aqui não deixei de estar. Guardo cada hora que me deixa sentir o que eu não sabia. E em passos curtos,ousados e frágeis vou acordando aos poucos,lento e doce como os cílios. Os rostos mudaram,as roupas exaustas de serem trocadas também sucumbiram,optaram por um relacionamento aberto,e desistiram de sua cor. Desbotada,alegre,infinita! e de que adiantam as alegrias e infintos prazeres? Se logo após já carentes estamos de repetir,achando que com isso,nossa existência têm mais sentido,e apesar de tudo me mantenho disponível à doçura de ser ingênuo ao olhar. Não que a minha pureza esteja intacta,diferente do primeiro amor que já se desgastou e foi regurgitado várias e várias vezes. Realmente. Não podemos prever movimentos no escuro,nossos olhos estão tapados pela inconsciência de certos prazeres que escondem a verdade. Somos orgulhosos demais pra isso. O perdão definitivamente não existe. Só é concebido por conveniência,por medo,pela salvação. Mas a coragem maior é não haver o que perdoar. Os erros são tentativas,prepare-se para raros acertos patéticos. Não será eterno,não é real,muito menos coerente. Aprendi isto,e apenas isto: existe,mas não é seu.