escutar a poesia escrita
é o mesmo que escrever a poesia falada
hoje o grande vazio das águas
da poesia transformada
em ouvidos que congelaram as vozes
que morreram na praia
não é o mar
que outro dia
teve sua grande poesia
derramada nos pés
de quem quis bebê-la
Sobre taças
volto ao céu
nada lá tem cores (cura)
são as cores do próprio céu que não se revelam
de tão transparentes
volto à terra
não aprendendo que trajetória fiz
eu faço uma nova,
no aprendizado de estar viva
e essa renovação que sempre me renova
digo isso porque a muitos
uma renovação é uma coisa cíclica
mas eu não
sou linear
nesse mar que é linear também
me denigre por ser cíclico
somos os dois naturezas
mas ele é homem
e eu sou mulher
ele é onda
e eu sou carne
e quando não sou carne
sou a onda
que abandona a carne
ele é a carne onde cravo as unhas
a água onde bebo faminta
e assim nos misturando
eu sou onda eu sou onda eu sou onda...
até que o mar acabe.
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