terça-feira, 5 de julho de 2011

escutar a poesia escrita

é o mesmo que escrever a poesia falada

hoje o grande vazio das águas

da poesia transformada

em ouvidos que congelaram as vozes

que morreram na praia

não é o mar

que outro dia

teve sua grande poesia

derramada nos pés

de quem quis bebê-la

Sobre taças

volto ao céu

nada lá tem cores (cura)

são as cores do próprio céu que não se revelam

de tão transparentes

volto à terra

não aprendendo que trajetória fiz

eu faço uma nova,

no aprendizado de estar viva

e essa renovação que sempre me renova

digo isso porque a muitos

uma renovação é uma coisa cíclica

mas eu não

sou linear

nesse mar que é linear também

me denigre por ser cíclico

somos os dois naturezas

mas ele é homem

e eu sou mulher

ele é onda

e eu sou carne

e quando não sou carne

sou a onda

que abandona a carne

ele é a carne onde cravo as unhas

a água onde bebo faminta

e assim nos misturando

eu sou onda eu sou onda eu sou onda...

até que o mar acabe.

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