terça-feira, 5 de julho de 2011

~;Meu bem;~,


o dia está com cheiro de pedra molhada e resolvi te mandar ''isto''. Pois não é cheiro de chuva o que sinto é concreto úmido. Aconteceu enquanto eu nadava no mar até chegar à sua casa. Eu nadei com os olhos e acreditei neles. Mas quanto mais eu descia em direção ao fundo do mar,mais fui me afastando do cheiro real para sentir cheiro de chuva. Enquanto se dava esse processo eu voltava à realidade da janela do ônibus,um pouco assustada,pois eu poderia ter sido dada por morta pelos segundos (em que o mar não me deixou naufragar). Foi tão bom que não me esqueci,e posso reviver o cheiro e o mar. Os solavancos do ônibus contribuíam para o meu ápice de encantamento,de modo que a constante interrupção da realidade me fazia crer,de maneira inesperada,em tudo que eu estava vivendo. O percurso então foi como uma epifania,uma desilusão (graças ao contato com essa nitidez da imagem dos odores) que eu cheguei a achar que o mundo era o oposto da poesia e da razão. Não é não. O mundo é apenas o oposto do que acreditamos quando queremos ele pra gente. Só a libertação da idéia de liberdade me faria morrer de verdade: um pássaro que depois de pousado não bate mais as asas. De resto,por tudo,pedi parada e quis sorrir pra você como se chovesse nas pedras do seu quintal.


Beijo dado,

Luana.

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