
domingo, 17 de julho de 2011
sexta-feira, 15 de julho de 2011
sábado, 9 de julho de 2011
terça-feira, 5 de julho de 2011
Ontem fez chuva: caíram gotículas de rumores secretos.
A superfície do planeta se petrificou,
ainda estamos a mercê do universo?
Porque as vezes só parece...
cada orvalho é uma letra da profecia que nos congela;
a letra da canção que a chuva deixou pra trás...
O ruído das águas adocicando a tristeza corrosiva
de se ter esperança
quando devíamos ser manifestantes
do agora.
Numa noite clara como essa em que as luzes são apagadas e ainda conseguimos nos ver no incêndio da luz da lua a música é a plenitude um dos modos de acha-la. A noite... obscurecendo na sua palidez fria escorregando seu manto pelo corpo da cidade na chuva que não veio para gritar-se para sempre o dia que preparou nossa esperança didática e irracional a sombra soletrando o desenho perdido do que foi dito Ao redor de nós ainda senta aquela senhora cativante e envolvente que é a poesia Não adianta se iludir com a nossa pobreza pois somos ricos capazes de tudo e devemos sorrir no serviço de viver. Apostamos na dificuldade de não termos o que dar mas ao que parece o dia-a-dia é a nossa intenção e o nosso remédio e a nossa dádiva apenas isto:e não é dado de graça,bem sabemos que pagamos o espaço em que sobrevivemos,e que sobreviver por isso mesmo é uma garantia (?). Ah...quanta tolice e beleza é preciso enfrentar nesta terra de sementes duras querendo germinar O quanto são primordiais os pequenos atos de sinceras falas na grandiosidade de sentimentos unidos para que o nosso espanto de sentir seja atingido... dependo do que se tornou real por trás do que foi mostrado ,meu esqueleto sustenta esta história a alma que é confundida é a paz conquistada?
Me canso de palavras repetidas
em todos os lugares
amor,amor,amor..
não acredite em minhas palavras
quando quiser verdades pra seguir em frente,
são sonhos de nada!
Meus olhos são tudo que tenho,
eles revelarão o que não se deve esconder
o que você quer ouvir? Me cala
está pairando entre nós
olhos gigantes anulando pálpebras
pupilas dilatadas no escuro
ou meus sonhos de nada...
Estou sentindo uma alegria com todos os sintomas de uma dor que desabrochou. A minha alma toda sabe tão bem que quero chorar qualquer lágrima,pra que essa dor sugue de mim toda dor que sugou toda cor. É que a minha alegria só com muito esforço pode-se chamar alegria. Eu dei o meu melhor,fiz de cabeça,pra no final das contas ver que no meu olhar tão simples,na minha singela cor,sempre esteve presente o limite de uma consciência.
~;Meu bem;~,
o dia está com cheiro de pedra molhada e resolvi te mandar ''isto''. Pois não é cheiro de chuva o que sinto é concreto úmido. Aconteceu enquanto eu nadava no mar até chegar à sua casa. Eu nadei com os olhos e acreditei neles. Mas quanto mais eu descia em direção ao fundo do mar,mais fui me afastando do cheiro real para sentir cheiro de chuva. Enquanto se dava esse processo eu voltava à realidade da janela do ônibus,um pouco assustada,pois eu poderia ter sido dada por morta pelos segundos (em que o mar não me deixou naufragar). Foi tão bom que não me esqueci,e posso reviver o cheiro e o mar. Os solavancos do ônibus contribuíam para o meu ápice de encantamento,de modo que a constante interrupção da realidade me fazia crer,de maneira inesperada,em tudo que eu estava vivendo. O percurso então foi como uma epifania,uma desilusão (graças ao contato com essa nitidez da imagem dos odores) que eu cheguei a achar que o mundo era o oposto da poesia e da razão. Não é não. O mundo é apenas o oposto do que acreditamos quando queremos ele pra gente. Só a libertação da idéia de liberdade me faria morrer de verdade: um pássaro que depois de pousado não bate mais as asas. De resto,por tudo,pedi parada e quis sorrir pra você como se chovesse nas pedras do seu quintal.
Beijo dado,
Luana.
Lembro que um dia eu visitei o maior mar que eu jamais vi. Foi um encontro às escuras. E o arrepio era como uma lâmina desobstruindo os poros que insistiam infantis num desmaio,pra respirar melhor(pra eu ver o sonho do mar). Era um novo mar num velho chão. E suas águas,de diferentes tons, verdes de espera,pareciam ansiar olhares humanos que transformassem seus maremotos em pequenas ondas de bem-estar. Pois que os pássaros que lhe roubavam se despediam com um sorriso machucado,coisa de quem sorri sem ter boca,deixando a surpresa delicada de uma pena cair pra acompanhar suas ondas sensuais. (Ainda e ainda e ainda) E assim seguiam suas gotas todas juntas num beijo...sensação de limiar de lábios com a carne de sua paixão. O mar era pura paixão. Puro encontro sem nostalgia de suas correntezas,pura decência em sua fluidez de bicho. Ninguém sabe aonde acaba o mar,só se sente a sua homogênea busca, foi assim que eu o vi pela primeira vez. Paralisada,sem transbordar nada(também serviu pra eu me explodir um pouco). Pelo contrário,a exatidão de meus limites era enorme,diante daquela materialização sublime que vai diminuindo sua profundidade até a margem até só restar a consciência. Se fosse pra eu me perder eu veria um mar branco.. Não,eu não queria tocar nessas ondas de ondas,nesse mar escondendo sua fertilidade sob ornamentos. Se fosse pra eu esquecer..Por não saber sonhar e estou emprestando,ofuscada,a minha dádiva,como quem toca sem saber que não tocou. Apenas a vaga lembrança...foi suficiente para revive-lo,com seus animais submarinos usufruindo medos e dilatando as pupilas da coragem. Então sobrevoando esse mar -deixei meus limites lá pra que eu possa ir e voltar na mesma onda do acaso- só posso crer que me vejo no espelho desse mar caseiro,que pra sempre será amador e desertor de si mesmo,pra renascer nas horas vagas de sonolência mística.
Sua boca caiu flácida com seus poucos olhos a piscar vagarosamente...a paisagem corria a vários metros de si. E ela se aconchegava ainda mais na força de seu corpo,torturando-o ao diminui-lo ao tamanho de sua cegueira. A paisagem corria viril,musculosa,nauseada,precisavam de tudo que poderia ocorrer-se ao mesmo tempo. E ela perdida,em piscadelas inúteis,em movimentos que qualquer expectador diria fingidos,só porque ela pensava em gestos,em palavras vivas como objetos que se quebram estarrecidos pelo vôo tão curto e fatal. Antes de ela acordar haviam tramado tudo: verdades,construções,adultérios de identidade. O peso da coisa construída se ausentava suspenso por toda a extensão de sua pele com pêlos. E não se exclamava absolutamente nada! E não por acaso,acendia seu cigarro frágil e danoso à sua natureza selvagem,que a acalmava,em relaxamentos de espaços vazios. É que ela gostaria de temer um pouco,os perigos tão irreais à que estava predestinada,como não significar palavra nenhuma. O que lhe diziam era sempre tão óbvio,que ela via o pensamento correndo rápido no cérebro autenticando o corpo todo,como se ela esperasse a coisa dita como quem espera aquele trágico rubor na face diante do reflexo. Rubor que não vinha,não vinha... ou vinha pela consciência desproporcional... é como se quisessem domestica-la alterando seus sentidos diante de uma verdade mastigada,na qual se sente leve sabor,é verdade. Mas ela procurava o quê? Tudo que caberia à palavra nós ou à palavra só? Ou nós dentro do só ou só dentro do nós? Tudo,e simplesmente um regojizo. Assim ela não precisaria se esconder no último olhar trazido das profundezas de seus mares que transbordavam...só para que ela não morresse afogada nessa seca segurança de estar viva.
A poluição do tráfego da cidade se mistura a meus pensamentos. Como uma estátua, me sinto invisível,observando a mim mesma. De repente,é só eles que existem e eu estou completamente livre de minha busca,como eles não se livram. Não acordar de um estar sonhando,a própria realidade acontece sozinha,sem que eu precise,voluntariamente,acreditar em meus sonhos. E que palavra é essa? Que nunca remete a si mesma? E essas imagens,que sempre concebem perguntas ou respostas que se calarão como sentenças,um pé pisando o chão e um martelo alcançando a mesa,gritarão as cores que só existem na idéia. Se eu pudesse transformar em palavras todas as palavras de meus pensamentos meus papéis estariam repletos de dores e alegrias indefiníveis-rimas atentas. Pois transformar sentimentos em emoções é mais efêmero que a sensação de sentir. Aliás,deve ser isso que busco: prender pelo máximo tempo possível a sensação de sentir,até que ela me preencha toda e exploda no espaço na forma de uma palavra,já vazia. A energia gerada então fará voltar a respiração que será minha benção constrangedora de ser humano.
Eu caminhava enlouquecida de tanta calma,mas a verdade é que eu enlouquecia de verdade. As coisas estavam presentes,eu calculava suas posições,lembrava de seus enredos... a única coisa que me preocupava é que estar de fato louca merecia pouca atenção. Eu não esperava acreditar que a loucura é o avesso da lucidez; eu simplesmente perdera o controle do que esperava,e isso desencadeava eu estar em outra dimensão,anestesiada e alta,sensação que o mundo provoca e que instante após o outro,enquanto o momento não acaba,vai nos diminuindo até só restar a consciência. Então a minha consciência caminhava,perdida no tamanho dos tempos e dos espaços que se eram possíveis ocultar,ou que penetravam irremediavelmente no modo de se estar. Eu não queria mais esperar,por isso caminhava. Eu poderia dar o meu máximo pra conseguir alegria,pois é a única loucura aceitável,aquela que me traria de volta pra onde eu me preparo e penso distraidamente que é esperar em vão. Não,nenhuma espera(nça) é vã. Eu lembrava do enredo das coisas. E principalmente,não esquecia. Um ponto atrás do outro,um olho,um fato,qualquer poder de páginas,me alinhava tranqüila naquela lucidez esperada. Me dizendo enfim sobre a necessidade dessa loucura exata por enquanto.
O dia está com cheiro de terra misturada com pedras,graças a chuva,principalmente pedras molhadas. Cheiro transcendental,inconfundível concreto úmido. Sabor da realidade após a previsão. Dor do parto em plena cicatrização entre agulhas. Estou tão discreta mas as cores me atingem. Sorriremos histórias de traços dosados. Um mistério pra não querer respostas,daqueles que só a morte pode revelar com sua voz rouca e grave. Uma flor pequenina entre os dedos ou um mar salvando seus náufragos. Um pássaro pra pousar e uma asa pra ficar.
De repente, possuímos almas.
Pra ferocidade do desejo desabrochar um corpo.
Hoje eu queria sonhar algo bem de perto. Sonhar aquilo que nego..Esperar respostas respirando o ar dos humanos. Aquele confortável corpo que não me entrego,o pensamento é um corpo materializado.Hoje estou cheia de grandes ausências,perdi metade do mundo para ganhar metade de mim. Eu mesma esquecida que me pertenço,as vezes não lembro que de mim faço o que quero. Confesso...preferiria que os outros fizessem de mim. É que eu me faço,mas sinto um cansaço sem fim. É uma pena ser escritora. O que eu acho lindo mesmo é soprar aleatórias palavras e perder todo o poder. Nego até a morte que sou eu quem me faço. Pois aprendo a fazer disto uma engrenagem secreta funcionando. Aprendo a ser isto, que progressivamente,em olhos que não se esquematizam,funciona. Os dias passam de sequidão em sequidão,rápidos demais. Cheios de diplomas guardados,vejo necessidades transformadas em curiosas tentações. O problema é que não aprendi a me amar ligeiramente. Com isso não posso tentar lhe explicar uma promessa que se faz a si mesmo. Pois ser alguém não se promete a outra pessoa. E toda a minha vida é lidar diretamente com aquilo que não se toca,sentir o peso da manifestação das coisas nas próprias coisas. O que eu escrevo,as vezes, é um pensamento que se tornou secreto. Feito se simples histórias com seus personagens em agonia. O sonho que eu queria bem perto agora é ter uma vida sem tantos significados;ter nascido madura. Construindo já tão cedo um coração que eu alimento já com os sofrimentos essenciais. O que eu vejo é que posso criar fantásticas teorias com uma mente nua. Fábulas de idéias brotam de minha intenção,queria ser um quieto expectador dos sonhos meus enquanto durmo.
Há que exista um só sonho
Sonho seu,sonho meu,sonho do mundo
Há que se aviste esperança
Pela estrada íntima que será percorrida a sós
Há que o amor ainda leve
Conforto e ternura para cada mente que dói
Há que o vento ainda traga lento
O suave que se destruiu
Há que ainda se reste canções
Para acalmar insistentes sensações
Há que ainda reste um eu,próprio eu
Que se encontre e se perca em um nós.
A janela se abre no silêncio interminável dos espaços vazios da cidade,ao redor de minha cidade soam buzinas longínquas e no alto de minha maiúscula coragem os postes turvos de luz amarela inebriam as ruas,adormecendo os transeuntes.Quando estou só em casa,ele aparece,para isso preciso apenas ter despertado.O sino bate na praça pública,o ato de um monge que terá o nome homenageado serve também para as pontes que estão suspensas no ar e serão atravessadas para obter a coragem maior:admirar,se valer do que é mostrado,mesmo que aparentemente estático.Esta cidade serve para eu estar diluída,serve para outros também,que vagamente se cumprem na travessia. Na tentativa de tolerância a qualquer arrependimento .Cidade fria,quente,acostumada a incidentes que não a enlouqueceram.A cidade cada vez mais próxima,sendo na prática,a distancia física a que nos mantemos de nós mesmos; a vida se passa,ser o estar instruído,sobrevoamos as ruas com badalos dos sinos que já não escutamos,e sua melodia nos desperta e nos desinteressa.Portas são fechaduras,duram o tempo de serem esquecidos os segredos de se manter em seu interior.Assim se abrem,e o dorso do mistério já vem quebrado.O sangue escorrendo inundando os passos,penetrando as frestas do dedo,coagulam o chão inteiro e endurecemos na terra em que é preciso lavrar.Crescemos no campo de batalha que é preciso retornar,fazendo das armas imprescindível produto alimentício.São naturais esses eus sem-teto? essas mães de aluguel,esses homens que satirizam sobre a pátria em que nasci? pra não narrar meus apelos mudos que de tão desgastados viraram silêncios,e consentir com o que não está errado,ele bate a porta. A madeira toca na madeira,o lugar vira uma caixa minúscula demais pra me aconchegar,essas quatro paredes que me entristecem e me glorificam na tecelagem de sonhos.
escutar a poesia escrita
é o mesmo que escrever a poesia falada
hoje o grande vazio das águas
da poesia transformada
em ouvidos que congelaram as vozes
que morreram na praia
não é o mar
que outro dia
teve sua grande poesia
derramada nos pés
de quem quis bebê-la
Sobre taças
volto ao céu
nada lá tem cores (cura)
são as cores do próprio céu que não se revelam
de tão transparentes
volto à terra
não aprendendo que trajetória fiz
eu faço uma nova,
no aprendizado de estar viva
e essa renovação que sempre me renova
digo isso porque a muitos
uma renovação é uma coisa cíclica
mas eu não
sou linear
nesse mar que é linear também
me denigre por ser cíclico
somos os dois naturezas
mas ele é homem
e eu sou mulher
ele é onda
e eu sou carne
e quando não sou carne
sou a onda
que abandona a carne
ele é a carne onde cravo as unhas
a água onde bebo faminta
e assim nos misturando
eu sou onda eu sou onda eu sou onda...
até que o mar acabe.
Hoje é o futuro de uma criança. Minha história começará daqui a um punhado de anos,quando eu souber sua valia. É uma história de esperanças decompostas por sérias explicações. De fragmentos indesejáveis,contudo por desejo se fragmentariam mais ainda. Tudo é uma questão de intimidade consigo mesmo. Por isso te digo sem certeza alguma,a certeza que interpelo,a sentença final da moral do enredo,que negará qualquer poesia como forma de apelo e alusão à poesia verdadeira. É um amor que nasceu inteiro. E estremeceu o meu país. É,a verdade não foi dita em palavras que se auto-realizaram:sopro de vida nos olhos de minha história. Tive de reconquistá-la negando seu corpo e aprendendo a não me desesperar com a sua grandeza:acabou que ela não me quer mais. E assim posso contar tudo olhando pro espelho.
Não me encerro no lacre de portas fechadas,elas que caiam sozinhas,quando a madeira crepitar de tão seca e arranhar o chão como giz na sua queda funda. Não me vejo atrás desses laboriosos segredos para que uma casa seja construída,minha alma vive no refúgio dessa chuva lenta,lavando os germes e a poeira das plantas,escavando a terra com a sua água ''pura'' para tocar a sustentável raiz,que afinal nascerá. O murmúrio dessa pele surrada por gotas finíssimas que caem do pensamento,embalará meu sono de felicidade,quando o corpo estiver todo eriçado de frio e desesperança,fustigado e dilacerado como a casca de uma semente dura. O dia então terá a doçura da fruta exposta,de textura ardentemente desejada pelas mãos,a coisa mole da sua cor,da sua força, através de um sorriso,seduzindo a tristeza que implora tão sincera para ser seduzida,domesticada pela alegria possível,roubada pelo amor que não sucumbirá diante do amor. A tristeza quer ser confundida com a paz. Mas não há paz verdadeira nesse mundo. Pois a verdade é logo confundida com a dor. E a magia deles não se tocarem,é a magia dos filhos e das mulheres. Os homens que salvam,sim,nós nos salvamos.
Eu não sei falar de amor
como se amargasse em mim alguma fruta doce
agridoce,não,eu não sei amar assim
sabendo tudo que não posso
não,não saberia mais olhar pra mim
depois de saber que tudo que vejo
é por ter escolhido a inexatidão
eu cai com a palavra no chão
eu percorri e convidei sementes pra dançar
foi como mergulhar no meu próprio mar
e alcançar a terra que eu vi se molhar
e pintar o branco dos meus olhos ao olhar o céu, livre..
eu podia ser a estampa do teu vestido rodando...
o meu amor é só um convite para o mundo..
o meu amor é só...
Com a calma da minha alma inquieta,eu vi meu corpo cintilar. E a tarde,madrugada barulhenta de luz turva quando a noite vem chegar,já é tarde: as luzes se misturam como em um incêndio. Um dia de protesto,as letras ficam confundíveis demais para serem lidas,o percurso é perturbador,perigoso,honesto na força de sua ingenuidade . E os passos da alma sofrida já não sabem aonde ir. Vão para onde não se deve ou escolhem serem notados pela sua obrigação. A justiça esconde o quê? Tantos pesadelos sentidos e esquecidos. O protesto caminha em ritmo de enterro. Palavras saem inaudíveis. O processo é louco,surpreendente,cessará em breve. Logo,a rua voltará a ser o palco da rotina,do milagre,dos passos firmes em sua esperançosa pressa de subverter a opressão do seu trabalho em vingança alegre através da felicidade (escondida,roubada,onipresente.). Onde os seus deuses humanos deturparão as vontades e serão inocentados de tais crimes (que não se provam a olho nu). Com a calma da minha inquieta,eu sobrevivi. Não podemos ostentar o nosso flagra,palavras são palavras; a infiltração e a doçura prometida é que são divinas.
Esse riacho de vida,correndo,como a esperteza das borboletas que desaprenderam como pensar.
A minha surpresa é ser aparentemente alcançável. Com o corpo maduro de se proibir. A corrupção do pensar. Estou aprendendo. Nunca deixarei. O máximo que se chega é espalhar. De uma maneira ou de outra:ajuda-se. O crescimento,veja quantas mortes que colecionei pra te dar. A morte de todos. Não é suficiente para a pele que não e salva. Os olhos como duas almas juntas,dois pés que caminham ,estradas que não se podem engolir numa só passagem,o alimento que se torna lentamente em alimento sagrado. Não preenchem(subentendem) o vazio que nasce e germina. Que germina e nasce. A nulidade de quando se acorda é a que sobrevivo. O corpo vai negando a existência do sonho,quando as mínimas depurações nos protegem. Sou,encerro. Sou,preciso. Filantropia só me dá a vida dos outros. Mas quando os outros me dão suas vidas,ah,isso não tem nome. Não ter muita fome. A cobrança é o momento que se engole a si mesmo. Calma que com tantos ''eus'' eu erro. Na minha representação ou estado de sensação eu digo: ''o que não se esgota?''. Funciono ligeiramente caída no abismo das palavras,a humanidade aparentemente funciona. Quando minto descaradamente meu corpo infla de ser gente com privilégios. Quem me ensinou a andar não pode me ensinar a viver. Com os olhos cheios de lágrimas,o perfume vem de onde? O sempre,sempre perecerá a última vez?encheram de cores a nossa insensatez. Imagine um grande círculo,lotado de pensamentos dentro e a magia deles não se tocarem. Terra...também sobre a cama e sobre a mesa. Não me adiantam frutas suculentas cuja reação à morte é a própria morte. É o sumo...delas que me dá a fome e me tira o sono. Quanto mais me fito mais me admiro de Deus não ser uma criação nossa. E se fosse,como na infância,que a gente olha pro mundo e não sabe o quê é de quem. E imagina que foi tudo criado e roubado infantilmente. Nossa necessidade de adorar. Ao próximo se perpetuaria,porque,se eu procurar os porquês,eu vou achar os porquês?
E se eu escrevesse coisas que ninguém pode sentir,seria enfim sentido meu toque através das palavras. O contato que se perde com o significado,reinventa a alma. E trás à tona o que se tentou desesperadamente ser dito,e que apenas pareceu indecifrável graças ao mistério do contexto. O ideal é que se feche os olhos enquanto se lê,o que impede a leitura,então os olhos não funcionam em comunhão com o raciocínio,com as sementinhas na superfície da íris,se tornando flores pequeninas...deturpando a análise da beleza do caos. Não estou disposta,a enterrar minhas flores,junto com as lembranças que não se realizaram. Sei que pareço sempre estar prestes a desistir de tudo. É que o mundo seria cruel demais se eu não sentisse que tenho essa liberdade. A de expressar o motivo pelo qual viver pode ser uma das maneiras de se salvar da vida. E eu nem preciso ludibriar deus,porque eu preciso de pelo menos alguém no universo que saiba o que eu realmente penso,e que não seria admitido por mim,a ninguém. E com isso,me ligo aos outros humanos,sabendo que todos sobrevivem assim..
Espero viajar esses dias,porque o calor está diabólico. E quando eu me sinto derreter nada sacia. Me sinto em um beco em penumbra,imprensado entre construções,áspera com os pingos caindo do alto sem me atingir,vendo os segundos desfilarem com tecidos transparentes e o concreto umedecido com manchas deformando suas formas regulares.. É como não ter posição,alegria ou distração. E as vozes com uma astúcia surda se materializam em ecos que se debatem até se dispersarem completamente,eu com aquela impressão de que sou habitada. Situada no espaço que inventei,e que a palavra:quem primeiro deu o sinal,fantasiou com suas fomes.É tão difícil relaxar com esse pesado torpor que o calor sustenta. Na verdade eu me sinto presa aonde estou no instante exato em que sinto,ou seja,é como querer ser e no entanto estar ao mesmo tempo. Mas esse suor não me queima nem me aniquila. Então é insuportável,porque eu tenho de sustenta-lo enquanto ele corrói minha paciência que é como corroer a força dos meus músculos,substituindo-os por elucubrações que não me enganam.. Mas eis que a brisa fina e aguda me atinge em cheio o peito,coração sei lá da alma,e eu desarmada no meio desse caos de fios oleosos com raiz seca,me sinto pressentida por um prazer imenso,um senso anestésico... salvando meus quase náufragos desejos de ascensão à superfície. Ufa...!
Apreensão serve pra aprender. A chama latente dos olhos ofuscando ilusões. Os neutros desejos de cair,usar um tom que não dê pra adivinhar. Que a gente passa a vida lendo. Pra se inspirar na perseverança. Os saltos que a gente não vê,não irá,pra depois levar. O que trouxeste dirá tanto por mim,pode deixar,que eu pra lá vou desvendar no nosso altar,quem dera saber voltar,pra depois cair.
A música soa longe...nem parece que são os ouvidos que ouvem. A magia tão simples que eu não preciso explicar com verdades clandestinas,eu sei que vem do coração da sua alma,que só me permite ver o que não me quebraria em mil pedaços incompatíveis. Seu sorriso tem a beleza de um mar,completamente solitário,em pleno crepúsculo.....sei que não preciso ser tão imprecisa ao seu respeito. Mas é que te desejo no escuro,e mesmo que não haja possibilidade de luzes. Até porque elas não te acendem,e te ofuscam,e me cegam. Queria poder te falar o que meu corpo sente nos mínimos detalhes,e que percorresse seu corpo também o meu desejo....e o encontro de nossos dedos formando mãos únicas,enquanto um único corpo grita.Mas ninguém escuta. É grito de silêncio,porque o amor é silencioso...
Sabes
bem aqui há um corpo pra sentir
não é só um corpo feito de saudades
de paisagens que se perderam no horizonte
que por si mesmo já se perdeu na curvatura do mundo
no giro desse mundo o corpo rola escada abaixo
a escada que as palavras criaram para que subamos novamente
até o topo de seu celestial significado
e ao chegar no alto desse topo de pedra
nos deparamos com a cidade
um campo aberto
cheio de novidades
um rio passando por debaixo do asfalto
um rio fétido,cheirando a descrença
um rio de necessidades que abandonamos no próprio rio
nossa cidade está infestada
de vontades sonoras,gritadas
vontades imersas de salvação
não é a si mesmo que se dedica uma vida
é ao que parece
nao é a si mesmo que se espera sentado
é a curiosidade
o adjetivo pertinente à descoberta
a palavra que buscamos eternamente
não para descobrir o que se abre,
descobrir o que pode ser tocado.