quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Lado obscuro
no quarto que grita
e aperta a saudade do amplo amor
e estrangula a carne
em migalhas de prazer contido.

domingo, 8 de agosto de 2010

Estou cansada das com(petições) diárias,da falta de escrúpulos de algumas almas,mesmo compreendendo por qual motivo elas enveredam e se perdem. Estou cansada a ponto de meu corpo gritar,gritar e gritar ocasionando um silêncio que não consigo romper com nenhuma palavra de meu vocabulário. Ando por caminhos que me contradizem,mas que é como trilhar o contrário do que pensamos para termos provas suficientes,viver de perto para que a repugnância seja ainda mais vívida e justificável não apenas pela imaginação. É um risco,para a personalidade e para a imagem.Pode confundir o expectador,já que no fundo queremos convencer algumas pessoas de que nossas teorias estão certas. Por isso não desisto e cada pingo de suor é válido,é um tentativa,é a esperança..vai desembocar num sorriso,ou numa lágrima..que no final são a mesma coisa.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

[ x ] Lembrar-me (Esquecer-me)

queria provar a boca que fala baixo,e não grita.
queria ouvir bem perto dos ouvidos o sussurro de um segredo,
e quem sabe um sorriso triste que demonstre pureza.
eu queria voltar no tempo,não para consertar erros,mas para ter acreditado mais em mim mesma.
oh,eu queria...a gente sempre deseja sem saber o peso que os desejos têm.
Mas hoje eu sei,hoje eu sinto a pele pedindo,e os olhos gritando,e o coração sem cessar num tango profundo,sem me fazer dançar,eu abraço meus braços,falo aos meus ouvidos,mas eu não sei o que queria escutar.
eu queria um olhar que dissesse tudo sem precisar passar pelos ouvidos:
meu coração ouvirá.
É que eu não penso por palavras,e sim por sensações..
eu queria esse silêncio que une as almas num só corpo,
que de tão quente,e tão carnal,começa a existir e a perdoar.
eu queria acreditar na realidade que as outras pessoas acreditam,
mas meus olhos são lunetas e eu sou efêmera demais,
estagnada no passado,no presente e no futuro ao mesmo tempo.
Analisando tudo,mas sem capacidade psicológica de verbalizar.
Sofrendo tanto,sem conseguir me convencer de que é em vão.
que posso fazer senão esperar o amanhã que premedito e me atualizar a cada instante,
vencendo meu medo de pifar e do desencantamento,
meu cérebro trabalhando numa nova estratégia enquanto minha carne apodrece,
e o rastro de meus outros eus vão desaparecendo na areia....
graças ao movimento constante das ondas..............................
enquanto o que restou contempla a beleza(pois só existe beleza) e se entrega...
queria beijar a boca que acabou de gritar!...

domingo, 18 de julho de 2010

Ah,eu voltava e sabia que era pra o mesmo lugar. Desci no mesmo ponto de espera de todos os dias. Como sempre esperando que não só o ônibus chegasse,mas com ele alguém ou algo.Qualquer sensação que me acordasse da viagem anterior.Da preguiça de viver e no entanto desejar ardentemente a vida.Então aconteceu quando eu estava debaixo do poste de luz...de repente todas as luzes da rua se apagaram,e tudo ficou em penumbra e névoa.Foi quando vi uma menina de costas gesticulando muito enquanto falava.Pelo exagero,imaginei que ela devia ser muda.Então fiquei tentando adivinhar o que ela dizia...mas era difícil,cada gesto parecia uma frase inteira. Acabei por desistir,quase sem querer,pois já a próxima cena me chamava a atenção(com as luzes já acesas):um menino bem pequeno e gordinho chutando um morrinho fedorento de areia,e a mãe do lado, só observando...enquanto qualquer mãe o teria puxado pelas orelhas ou dado um grito qualquer,ela apenas observava pensando tão profundamente que tinha ficado cega.Enquanto voltava a mim,o ônibus se aproximava,e lá vinha a menina falando ao telefone!! Me enganei,seus gestos eram apenas teatro.E a mulher que eu pensava que era mãe,não era,lá ia o menino correndo em direção a verdadeira mãe que estava longe conversando com uma amiga.Eu estava pasma,me enganei em tudo.Eu era uma expectadora desiludida. Mas todas essas surpresas me agradaram. No fim das contas ter se enganado torna a vida mais divertida.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Livre de paradigmas.Metáforas.Ao som de asas.Melodia.Sem palavras.Quase um abismo.O seu olhar na minha cara.Sorrir.Sofrer.E crer em dias melhores.Satisfazer a ânsia de sentido.Aó pe do abismo.Não há imagens decodificadas.Nem sorrisos cem por cento felizes.Medo ou coragem. Não há meio termo.Reconstrua.

domingo, 4 de julho de 2010

só quero sobreviver sem perder a esperança nesse mundo pleno de corpos efêmeros e amores mortais.

Uma justificativa para o silêncio
Eu lembro que ele chegou de viagem com uma caixa grande e vazada, entre os braços e um olhar de quem quer surpreender. Pondo-a no jardim e exigindo nossa presença,minha e da minha irmã. Mas não precisava mais que um grito,mais que um sorriso,colávamos nele sempre que ele chegava,como que pra não deixar que ele fosse embora novamente,sem se despedir,numa madrugada sem estrelas. Afinal era o nosso pai,porra,e como se não bastasse era apaixonado por astrofísica.Tínhamos pouca idade,mas idade suficiente para amar,e comparar esse amor com algum elemento da natureza,como o mar por exemplo(coisa que alguém poderia ter ensinado mais não ensinou).Isso ele adivinhou ( ou as estrelas lhe disseram?): na caixa haviam dois coelhos de verdade! Um pra cada uma para não haver briga,ele ciente da nossa falta de espaço no mundo.Um branco e outro preto.Ansiosos pelas flores do jardim cuja destruição era iminente,e pelas cenouras cruas dadas de bom grado,na mão estendida querendo um beijo e um abraço impossíveis. Eu escolhi o branco,que me lembrava uma nuvem macia. Mas durou pouco nossa relação de amizade,crepúsculos e alvoradas: foi atropelado por um caminhão de lixo em frente de casa. Que eu lembre,cheguei a ver o bicho esbugalhado,distorcido,morto na sua inocência branca e na minha inocência de criança crescendo,a ponto de compreender sozinha que a morte também leva um pedaço da alma de quem ama. O da minha irmã,o pretinho meigo e misterioso,um homem quis comer e o colocou na bolsa no momento que ele deu uma fugida suada pela tela apertada de proteção:morreu em nome da liberdade.Mortes trágicas e cômicas para duas meninas de maria chiquinha que dormiam antes das oito,mas sonhavam acordadas até ás dez.Até hoje parece um sonho,parecem inventados .Mas junto deles,engraçado, me vem uma sensação muito real de uma barata lilás e laranja,linda,que visitava de vez em quando nosso quintal-jardim,é que um dia ela subiu na minha perna e eu dei um coice na coitada porque morri de susto das malditas cócegas que ela fazia.Foi um amor tão cego,que nem consigo lembrar o nome que dei àquela brancura perfeita que roia os sapatos da mamãe e de sobremesa o fio do telefone. Eram dois!..inacreditável. Ficavam correndo pelo beco onde havia o varal com roupas e o eco repetitivo da sandália havaiana da empregada grávida que me gritava,a varrer o chão e resmungar o calor escaldante. A casa parecia uma espaçonave estacionada,sem hora marcada para voltar ao nosso mundo. E quando os coelhos foram embora,e a morte deles não me traumatizou eu comecei a odiar cachorros,que por ventura apareciam em casa,e nem de longe lembravam a poesia de um coelho.Pois eu queria o luxo de possuir um animal tão elegante quanto os seres humanos.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

A poesia só é palpável pela imaginação.
Eu não sinto mais a miséria do mundo em mim,
quero extravasar a consciência presa num corpo mortal!...
As lágrimas são anjos,lentidão confusa brotando na alma.
Os dias são espiões do diabo...
Ó Deus,tu és um coração humano?
Ou continuas na eternidade,sem nós?
Só se é significante quando há o perdão...
Onde se maquina diabolicamente,sem receios,
os ''acasos'' dessa vida?
Até que ser seja um fato,e a esperança-embutida instintivamente na vida- não venha se dissolver em tristeza indefinida,em pranto sem salvação.
Como nos livraremos da louca e onipresente estratagema pra sermos felizes somente através da paz?
Perguntas são crianças em estado de crescimento.
A esperança mata justamente por isso,quer que amadureçamos,e principalmente,morramos sem exclamações.
Por que exclamação é o estado lapidado do diamante,
cego de prazer que não me quebra...
verdades sinceras são jóias preciosíssimas,que mal conseguimos exibir,por perigo de morte- da alma ou do corpo. Não há quem compreenda respeitando os limites do inaceitável...
serão cobrados juros de permanência.
O ser humano batizado sem nascimento.
Por que ainda não nascemos o suficiente.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Acaso por acaso,são pássaros voando no céu,costurando o véu do céu na trama de meu pensamento os pássaros gritam e o acaso não deixa rastros....acaso pela vida,é a luz acesa na hora em que o segundo se apaga nas mãos,idolatrando a imensidão,sem definições,sem corpo,que só de alma vive.Mas o sonho me penetra,e a possibilidade da liberdade de novo se esvanece..estou acorrentada aos meus desejos,que me alimentam na doçura da noite,quando não posso suportar mais saber que horas são. Eu espero,com as mãos abertas e os olhos fechados,e o corpo sem preparo,e a alma ao relento,eu quero o que desejei,enquanto meu coração sangra............

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Venham palavras,que já se ouve a euforia do coração carnavalesco cantando com suas dores a apertar-lhe o peito! venham palavras,sejam as amigas traiçoeiras do bom senso...ou sejam o avesso do que sou,por favor! venham arredias palavras,e desprezem o meu ardor,meu carnaval anterior ao nexo! Estacionem em meus membros,em meu silêncio,em minhas mãos torpes de fervor... só para que eu possa pensá-las sem dizê-las num borrão incongruente........juro que quero tê-las bem perto de mim....sem usurpá-las,sem treiná-las para o fim,tirando o grosso de sua doçura só para adoçar a vida,nada mais.