- Filha..não precisava..tão jovem..
Mas a garota era simpática,gostava de pessoas,dizia boa tarde com orgulho,desenhava um sorriso,queria ser vista,é perceptível.
O homem:
- ...
E o barulho de sacola de plástico ecoando no supermercado.
Pode ser que tivesse um grande sonho,desses que deixa o ser humano beatificado,imune,bestificado.
O homem:
- a senhora..
Não,não conseguiam lhe falar o quanto era bonita. Isso eu acredito que eram os bigodes. Que bobinha! o cabelo loiro,loiro e a sombrancelha preta. Pra ser isso que ela era tinha que ter fôlego,ora essa,era o sustento da família. Com o pai já velho e viúvo só lhe restava a filha bonita,vaga lembrança na sua vista,um fruto desajeitado de uma mãe que morrera antes de pisar nas sementes da filha e faze-la de si uma planta de monstruário,assim,ela não havia como saber. Não,a menina era verdadeira,verdade que tinha suas espertezas,amarrava o cabelo como uma rainha da China,se é que a China já teve rainha. Era uma típica brasileira que desrespeitava,respeitando,sutilmente selvagem,colava um lábio no outro e calava a boca da máquina.
O homem:
- Ajuda?
Eram tantas compras! como elas conseguiam ludibriar a paciência em tão pouco tempo? Abandonar aquela pessoa que fora embora,ambas sem talvez se olharem,sorrir ''boa tarde'', ''obrigado'',trilhões de vezes ao ano e ainda suportar a voz grave do homem grave que falava ao fundo,no microfone e por certo,emocionado por ser irremediavelmente ouvido,aproximava tanto a boca que o som saia inaudível.
O homem:
-Uma senhorita tão jovial...está mais para vendedora de perfume.
A menina sorriu calada,era só mais que passava,a destruir seus sonhos e deixa-la despenteada e cansada. Sua simpatia era puro nojo,pela planta que não se tornaria,porque não houve como aprender o ceticismo do lado que não se vê.Sementes perdidas para onde vão nascer? Uma bela e espiral...planta de monstruário.
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