quinta-feira, 30 de abril de 2009

Queremos tudo de novo
e tudo que foi dito
dará novas asas
darão novos passos pra escandalizar o sonho,
ruir predicados
o constante submundo das palavras.

OlhohlO

Oh,como são olhos, os seus!
são olhos latentes de tempestades silenciosas,
olhos de imagens se misturando graciosas,
olhos de verdades que se penetram sem ruídos fabricados,
olhos desejados...de inconfundível plenitude!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Metáforas pra existir

Corriqueiro dia pra nascer. Falar é extenso,e as vagas pra acreditar onde se satisfaz nosso cansaço,estão escassas em raros momentos,caros segundos belos e escorregadios,curando a subsistência. Cada minuto inteiro grudado ao próximo é uma unicidade de infinito. E perceber os atos(unidades de medida de uma fato) é notar essa coexistência ininterrupta. Essa profética e tênue linha me usurpa. Mas eu deixo crer alegrias em mim. Para ser feliz não há uma fonte única,como se viver fosse essa verdade absoluta. Ou fosse essa realidade pedindo e me rasgando com volúpia. O espaço em branco não me assusta,vem remendado com frequências,é como se um dia só o planeta não estivesse à mercê do universo (eu sou puramente desiludida). A eminência dela no espelho me dá a forma que sangra,mas o intocado desejo me captura nesses olhos que o pranto lava e adoça essa alma figurada que me interpreta. Assim sempre existirá aonde renascer. Escrever é infinito,a gente alcança,alguma coisa,eu sei. (palavras são segundos)
Isso tudo é fato!!!! e ah,como eu estou pedindo um ato!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Meu Deus,só posso começar com algo poderosamente inconsciente. Estou nadando até achar. E quando eu fiquei pra olhar:um mar,que a chuva desceu pelo meu desencontro tão límpido no meio de tantos encontros impuros.Afundando,relógios de parede girando acelerados na curiosa hora que não contamos o tempo,porque não há o que perder o que não seja nosso,pra salvar minha identidade eu paro esse relógio tonto e me equilibro de repente em mil imagens.Eu sofro chuvas e sóis,eu posso tanto dar em meu nome.Pra correr de lá ou daqui até chegar em casa eu fico devendo sorrisos,então onde estou? eu posso minar minha imagem somente me mantendo à margem? eu cresço e sei que sou,porque pra me perder eu sei que há. De tanto protestar eu já sonhei! cresçi pra lá plantada aqui! realizei enfim uma realidade,esta imagem caótica de fora pra dentro,lidando com o instante de acreditar,ou melhor,com as esplêndidas paisagens erguidas pra quem quiser olhar,sonhar,sentir...eu nasci,pra cair não sei de onde pra onde,só sei pra quem ir,mas eu ando,lenta sem ser graciosa,meu vôo não é rima que se escreva nem asas que se tatuem nas costas. Minha velocidade é tão alta que é implícita,igual à velocidade (que me permitindo dizer ou não) faz o mundo!

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Ascensão à

É tão difícil relaxar com esse pesado torpor que o calor sustenta. Na verdade eu me sinto presa aonde estou no instante exato em que sinto,ou seja,é como querer ser e no entanto estar ao mesmo tempo. Mas esse suor não me queima nem me aniquila. Então é insuportável,porque eu tenho de sustenta-lo enquanto ele corrói minha paciência que é como corroer a força dos meus músculos,substituindo-os por elucubrações que não me enganam.. Mas eis que a brisa fina e aguda me atinge em cheio o peito,coração sei lá da alma,e eu desarmada no meio desse caos de fios oleosos com raiz seca,me sinto pressentida por um prazer imenso,um senso anestésico... salvando meus quase náufragos desejos de ascensão à superfície. Ufa...!

Mar caseiro

Lembro que um dia eu visitei o maior mar que eu jamais vi. Foi um encontro às escuras. E o arrepio era como uma lâmina desobstruindo os poros que insistiam infantis num desmaio,pra respirar melhor(pra eu ver o sonho do mar). Era um novo mar num velho chão. E suas águas,de diferentes tons, verdes de espera,pareciam ansiar olhares humanos que transformassem seus maremotos em pequenas ondas de bem-estar. Pois que os pássaros que lhe roubavam se despediam com um sorriso machucado,coisa de quem sorri sem ter boca,deixando a surpresa delicada de uma pena cair pra acompanhar suas ondas sensuais. (Ainda e ainda e ainda) E assim seguiam suas gotas todas juntas num beijo...sensação de limiar de lábios com a carne de sua paixão. O mar era pura paixão. Puro encontro sem nostalgia de suas correntezas,pura decência em sua fluidez de bicho. Ninguém sabe aonde acaba o mar,só se sente a sua homogênea busca, foi assim que eu o vi pela primeira vez. Paralisada,sem transbordar nada(também serviu pra eu me explodir um pouco). Pelo contrário,a exatidão de meus limites era enorme,diante daquela materialização sublime que vai diminuindo sua profundidade até a margem até só restar a consciência. Se fosse pra eu me perder eu veria um mar branco.. Não,eu não queria tocar nessas ondas de ondas,nesse mar escondendo sua fertilidade sob ornamentos. Se fosse pra eu esquecer..Por não saber sonhar e estou emprestando,ofuscada,a minha dádiva,como quem toca sem saber que não tocou. Apenas a vaga lembrança...foi suficiente para revive-lo,com seus animais submarinos usufruindo medos e dilatando as pupilas da coragem. Então sobrevoando esse mar -deixei meus limites lá pra que eu possa ir e voltar na mesma onda do acaso- só posso crer que me vejo no espelho desse mar caseiro,que pra sempre será amador e desertor de si mesmo,pra renascer nas horas vagas de sonolência mística.
Quando eu preciso saber quem sou,
pra montar e quebrar luzes,
que não se apagarão,
enquanto eu não chegar,
o meu querer é uma vela,
que caiu sobre o papel pra me incendiar.