Quem já se viu tomar um porre de coca pra curar a insônia. Não,é
pra lembrar você. Sentir seu gosto,sentir o que você gosta de sentir. Não é pra
tentar explicar. Eu tentei.Me perdi. Escorreram pela pele as palavras...Acho
que só seu calor me faria adormecer. Também tenho outros métodos infalíveis em
que você esta presente. Mas por favor,me faça parar de tomar essa maldita coca
que borbulha dentro da boca. Esse gosto forte,amargo,doce. Querendo ser
intensidade sem ser. Parece algo vivo. Que agoniza dentro de você. Desligo o PC,as
luzes,me cubro,um pedaço do edredom entre as pernas e embaixo da cabeça,penso
em várias coisas pra disfarçar,parece que quero sorrir,que quero chorar.Sorrio,choro,olho
fixamente o vazio,me masturbo até voltar novamente ao vazio em que fixei minha
estaca da insônia. Mas nada acontece,é só mais uma tentativa frustrada de usar
o tempo pra algo útil. Bate um desespero, levanto e bebo mais um gole daquele líquido
escuro na escuridão. A janela está fechada,mas não está abafado. uma brisa que
entra pelas frestas. Parece mesmo é que a insônia só veio como pretexto pra eu
escrever. Mas eu não pedi. Ou pedi? Ou implorei? Em silêncio,ou falei? Meu pensamento
deve ter gesticulado algo,mas não peguei a tempo. Estava distraída,me
concentrando em dormir. Há muito já percebi que o sono só virá quando eu
descobrir uma verdade,e enquanto isso na eternidade de cada momento percebo que
só se passaram alguns minutos. Será então que tenho todo esse tempo disponível?
Será que posso gastá-lo propositalmente,não preciso me sentir culpada por não
estar descansando o que não quer descansar? Talvez eu esteja na contramão,e
alimentando os gestos errados. Mais um gole. Eu que controlo. Vou me
auto-apagar.