Não posso te esquecer. Suas marcas têm traços visíveis,suas violências foram cometidas à luz do dia. Sua pele vibra,Concreto-carne. Ilumina,confunde,cria atalhos desconhecidos até abandonarmos de vera o velho caminho. Placas,sinais de cores misturadas,pois as cores não podem ser mais nítidas do que as vontades. Um pedestre é um livro. O motorista passa rapidamente até a última página. Ele não entende que não é o fim que interessa? não são as conclusões? mas as suposições incertas..Placas tão gerais,é preciso que você mesmo crie as placas dos desvios que passem por lugares mais interessantes do que as avenidas principais com seu tráfego louco de idéias estampadas nos óculos escuros,ternos,camisas xadrez,prédios tombados,trombadinhas honestos se comparados àqueles que fazem as leis para que eles sejam presos. É preciso quase que fechar os olhos para não ceder a todas as tentações visuais para que você se transforme lentamente num desenho. Eu corro,e é imaginação. Ainda estou parada esperando a chuva passar. Perigoso demais arriscar-se diante de tanta doçura,porque o sino irá tocar a melancolia,e por um segundo apenas nos perderemos completamente e estaremos no séc. XV andando a cavalo. Então se ouve uma conversa qualquer,acho que já mencionei aqui: ''olha ela lá,está vindo,você não gosta de vê-la?'' ''Cansei,ela não é pra mim..'' logo depois um elogio. Mas tudo isso não são elogios. E me engano ao pensar que gosto de você,pois se assim fosse continuaria onde estou e não mudaria mais. Não,minha curiosidade vai além do amor. Estou enamorada de seus defeitos. Tantas poesias esperando quem ouça apenas,ao invés de tentar compreendê-las. Andando numa calçada qualquer,que é como estar num filme de reações,em que nada é mais importante do que o ser humano crescendo dentro de si mesmo. Estendo a mão...a chuva não quer parar,chegou no último dia do meu embarque secreto. Vi de longe a pintura enorme num prédio de visão fácil..impregnada de indiferença,compreensível até,sendo desgastada lentamente através dos olhares-gotas. E ela enorme lá,sem ninguém se emocionar. Eu quis parar pra sempre naquele instante,as cores eram vibrantes,ela queria destruir a cidade. Como sobreviveríamos àquela fúria banhada de paixão,acreditando que está criando uma nova geração de utopias diferentes. Eu tive que seguir,as pessoas é que te impulsionam. Não pode haver espaço sem movimento. '' Quem você pensa que é? não é santo. Só porque ainda questiona as mentiras que todo mundo já superou? nunca nem viu a verdade pra saber se ela é tão nobre assim. Vamos,ande,pode espalhar seus absurdos,contanto que se movimente''. E eu criei raízes,qualquer um no meu lugar criaria. E de algum modo eu sabia que iam me cortar antes que eu começasse a florescer,mas com alguma sorte daria tempo,de um animal qualquer,humano ou não,me tocar e sussurrar em meu ouvido,no meu corpo todo: ''eu acredito''.